terça-feira, 4 de setembro de 2012

Os mandamentos do streamer

Revirei o blog da Fly Shop Brasil e não encontrei a informação para fazer a citação correta. Uma fez o Thiago Zanetti escreveu sobre o que um bom streamer precisa ter. Era mais ou menos assim:

  1. Deve ter volume, sem ser volumoso;
  2. Deve afundar, sem ser pesado;
  3. Deve nadar reto, mas nem sempre.
Além disso eu acredito que:

     4. É preciso ver para ser visto.

E pra finalizar tem um último mandamento, já muito conhecido:

     5. Brilhou: morreu.

Vou ilustrar isso com uma foto surrupiada do amigo Keko. Se mostrasse as minhas seria uma aula de como não fazer.



 Vamos à  prática:

Ter volume, sem ser volumosa.

A isca precisa ter volume visual, para ser facilmente identificada pelo peixe, mas se for muito volumosa vai ser ruim de arremessar e não vai nadar direito. Traduzindo: menos material, melhor posicionado.

Afundar, sem ser pesado

Streamers imitam peixinhos nadando (iscas de superfície são outra história), então a isca precisa afundar para ficar no lugar certo: a janela de ataque do peixe.

Mas se adicionar peso vai ficar ruim de arremessar e também não vai nadar direito. Salvo algumas exceções, onde o peso propositalmente vai mudar o centro de gravidade da isca e fazer ela "nadar" de determinada maneira. Por exemplo as clouser minnows, mesmo nesses casos o peso deve ser apenas o necessário.

Tanto para o material, quanto para o lastro lembre da musica do filme de animação "Mogli, o menino lobo": eu uso o necessário, somente o necessário, o extraordinário é demais...(repete o tempo todo enquanto estiver atando).

O QUE!! VOCÊ NÃO CONHECE A MÚSICA?!?! Então veja aí:



Se a isca respeitar a primeira regra e não for volumosa ela vai afundar sem resistência na água. E para a maioria dos casos apenas o peso do anzol será suficiente. Um pouco de lógica de programação para deixar esse texto menos maçante:

SE volume = SIM
E
volumosa = NÃO
ENTÃO: lastro É desnecessário

Nadar reto, mas nem sempre.

Você já viu um lambari ou uma manjuba nadando? Se não viu, pare tudo o que está fazendo e vá até algum rio ou baía observar os peixes (em aquário não conta, o ambiente muda, o nado muda).

Eles nadam quase retos, com pequenas variações. Então o streamer não deve girar sobre si mesmo ou ir só para um lado, se isso acontecer é porque ele não está simétrico. Talvez até pareça um peixe morto, mas predadores raramente comem peixes mortos. Eles gostam de comida viva. E comida viva, nada reto mas... nem sempre. Precisa oscilar um pouco, de maneira irregular e isso se consegue "trabalhando" a isca, com puxões na linha (não trabalhe a isca com a vara, se o peixe atacar as chances de não fisgar são enormes e ainda corre risco de danificar o equipamento).

Resumindo: o streamer precisa ser simétrico, com o material bem distribuído, na quantidade apenas suficiente.

Veja esse deceiver atado pelo Keko. Perfeito! Caso alguém ainda não saiba, é possível comprar iscas do Keko pelo site http://www.flyfishingbrasil.com.br



Ainda faltam dois detalhes:

Ver pra ser visto.

Existem muitas teorias de que os olhos funcionam como um alvo para os predadores. É bem provável que seja isso mesmo. Afinal porque tantos peixes teriam ocelos na cauda, em geral maiores que os próprios olhos?

Teorias à parte, o fato comprovado empiricamente é que iscas com olhos em geral são mais eficientes. Principalmente para peixes manhosos, quando as iscas são trabalhadas muito lentamente. Eu acredito que nessas situações o olho é o que diferencia um peixe de uma folha sendo carregada pela correnteza. Porém em iscas que são trabalhadas vigorosamente ou tem nado bem errático, eles podem ser dispensáveis.

Brilhou, morreu.

O mesmo princípio dos olhos.
Peixes tem escamas, escamas refletem a luz, luz refletida brilha. Seguindo a lógica aristotélica: comida brilha. Se parece comida, compensa experimentar, se não parece, não vou perder tempo nem me expor a outros predadores.

Aqui vale uma ressalva. Situações de água muito limpa e/ou muito sol, o brilho pode atrapalhar.
A pupila dos peixes não contrai, então luz direta pode ofuscá-los, inibindo o ataque ou fazendo que errem o alvo.


A teoria é simples, só isso.

Agora vai atar que tem feriado chegando.







segunda-feira, 7 de maio de 2012

(Não) Ensine a pescar

Se antigamente era bem mais difícil você aprender alguma coisa (qualquer coisa, não apenas sobre pesca) por outro lado, quando você encontrava alguém que sabia e que estava disposto a ensinar era quase certo que você havia encontrado um mestre, um verdadeiro professor. Ou tinha que recorrer aos livros, que para serem publicados tinham que ter algum fundamento.


Infelizmente a facilidade de acesso à informação que temos hoje produz uma grande massa de ignorantes de egos inflados que acham que sabem tudo. Ter informação não significa ter conhecimento, ter conhecimento não significa ter sabedoria.


E não falo apenas dos famosos "pescadores de internet", tem muita gente que vai pra água toda semana, mas não pesca de verdade, até pegam peixes, mas se o tempo vira ou a maré corre demais ou por algum outro motivo não realizam uma boa pescaria, a primeira coisa que fazem é arranjar uma desculpa, abandonar a pescaria e ir fazer alguma outra coisa (em geral encher a cara de cerveja e a pança de carne). Como diz o meu mestre na pesca com mosca: quem quer encontra um caminho, quem não quer encontra uma desculpa.


Se você acompanha o blog, já sabe que pescar não é pegar peixes, é MUITO mais do que isso. Mas enfim, estes pseudo pescadores (preciso pensar uma denominação melhor) não são tão danosos, só podem fazer que você viva iludido por mais tempo, assim como eles mesmos vivem em um mundo de delusão. Sócrates (o filósofo, não o jogador) estava certíssimo quando disse que "sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância."


O maior perigo, e sobre o que quero escrever hoje são os lobos disfarçados de carneirinhos.




São pessoas que tem informação e conhecimento mas estão no lado negro da pesca com mosca.






O objetivo destas pessoas é levar vantagem, em geral o teu dinheiro. Infelizmente, para eles, a felicidade está resumida a algo que é muito instável: dinheiro ou outros benefícios imediatos, e por ser instável, precisam de sempre mais e mais. Não conseguem ter uma visão de longo prazo.  Mas não dá para culpá-los, afinal vivemos em um mundo de ilusão, onde acreditamos o que impera é o dinheiro. 


Se o seu negócio é vender peixe, é óbvio que você não vai ensinar as pessoas a pescar.



No caso da pesca com mosca quase que podemos levar esta metáfora ao pé da letra. Mas para não deixar dúvidas vou explicar: o negócio das empresas é lucrar, não importa se você vai comprar algo realmente útil ou não. Aposto que você tem um monte de tralhas de pesca que raramente usa, ou até mesmo que nunca usou, mas que comprou e ficou bem feliz quando comprou.


O mercado vive de vendas e pra vender têm que criar a demanda. Tem que fazer você acreditar que precisa daquilo. E eles fazem isso tão bem que daqui um ano, ou menos, vão te convencer que aquilo que você comprou não serve mais, e precisar do novo modelo "o melhor". E lá se vai mais dinheiro. Eles jogam a isca e nós caímos direitinho. 



Não estou dizendo pra você não comprar coisas boas. Eu sou radical defensor de comprar coisas boas: comprando bem, você só compra uma vez. 

O fato é que você não precisa ter 20 modelos de moscas diferentes em 10 cores diferentes cada, em 4 tamanhos diferentes cada uma. Isso daria um absurdo de 800 moscas. Para 99% das pescarias 5 modelos de moscas em 3 cores ou tamanhos diferentes bastam. 15 moscas... pensando bem isso já é um exagero. Dá pra ir pescar, e muito bem, com muito menos que isso.

E isso são só as moscas, ainda tem varas, carretilhas, linhas, líderes, roupas, óculos com diversas cores de lentes, infinitos acessórios...

Enfim, antes de sair torrando o seu dinheiro e jogando qualquer coisa na água adquira conhecimento sobre o seu oponente (o peixe) e sobre o material que pretende adquirir. Leia, leia, leia. Mas esqueça os fóruns e até mesmo os blogs, procure livros (de preferência os mais antigos), teses, dissertações, estudos científicos, etc. Se tiver a oportunidade, se aproxime de um pescador de verdade.

Assim você economiza dinheiro, comprando o que realmente é necessário e tempo, parando de usar equipamentos e técnicas inúteis. E com certeza vai ter mais satisfação nas suas pescarias.


quinta-feira, 19 de abril de 2012

Juntando poeira

Mais uma vez o blog está juntando poeira.

Menos mal que é só o blog.

As pescarias, os testes e as elucubrações continuam acontecendo. Mas não gosto de só escrever, sem colocar fotos, como e minha câmera estragou e a do celular não tem uma resolução legal... vai juntar mais um pouco de pó por aqui.


segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Mosca meditante

Os budistas dizem que no início consideramos que um rio é um rio e uma montanha é uma montanha. Depois descobrimos que um rio não é um rio e uma montanha não é uma montanha. E finalmente compreendemos que um rio é um rio e uma montanha é uma montanha.

Este, e vários outros ensinamentos budistas, podem ser relacionados com a pesca com mosca.

O meu mestre na pesca com mosca uma vez me disse que no dia em que eu compreendesse porque uma woolly bugger pega de tudo em qualquer lugar do mundo eu estaria começando a entender esta modalidade de pesca. Em outras palavras:


No princípio uma woolly bugger é uma woolly bugger, depois descobrimos que uma woolly bugger não é uma woolly bugger. Até que finalmente compreendemos que uma woolly bugger é uma woolly bugger.




Já escrevi neste blog que gostaria de apenas atar uma woolly bugger ao tippet e pescar, pois acreditava que esta isca não imitava nada em especial, apenas "comida". Hoje entendo porque esta isca é tão efetiva.


Sempre defendi a "desmitificação" e simplificação do fly, facilitando o acesso a todos. Mas hoje finalmente consigo ver que só pode fazer um resumo quem leu o livro inteiro. Para desconstruir antes precisamos construir. 

A ignorância não é uma dádiva, é um veneno!


Se você quer pescar compreendendo o que está fazendo e não ser apenas mais um cara "descolado" que pesca com um equipamento diferente, vai ter que mergulhar fundo em livros e mais livros: entomologia, livros históricos de pesca com mosca, tipos de penas de aves, hábitos alimentares dos peixes, climatologia e muitas outras coisas.


Hoje eu finalmente entendo que uma woolly bugger é uma wolly bugger, em toda a sua amplitude e em todas as suas limitações. Já o rio não é um rio.


terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Dropper ou Tandem

Um tipo de montagem não muito usada no Brasil é a Tandem que consiste em uma ou mais moscas em um mesmo líder. Uma das variações é chamadas de dropper.


Essa técnica, muito usada na Europa, em alguns casos com até 5 iscas, é muito mais do que apenas tentar multiplicar as chances oferecendo mais iscas. Cada montagem e combinação de moscas tem uma situação específica de uso.

Como tenho pouca prática nesta modalidade, ainda não vou escrever sobre ela.

Mas vou colocar o link de um ótimo artigo (em inglês) que encontrei na internet:

http://therockyriver.com/the-complete-guide-to-the-tandem-rig/

Com certeza vou tentar isso na próxima pescaria de lambaris e saicangas.


segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Lambari na mosca


 Existem mais de 150 espécies de lambaris cadastradas até o momento. Se as pesquisas conseguirem ser mais rápidas do que a destruição, este número deve aumentar, pois certamente ainda existem várias espécies ainda não conhecidas da ciência.

 Alguns chegam a fazer a gente pensar se é mesmo lambari. Ou o que define quem é e quem não é lambari.

Por exemplo esse lambarizão, de mais ou menos 18 cm, no meio de um cardume de saicangas, que são predadores de lambaris, esse peixe atacou uma cone head wooly bugger #10.
 

Com uma wet #12 entraram mais lambaris, também grandes. Provavelmente é o lambari-guaçu. Mas sabendo que existem, literalmente, centenas de espécies, nem me preocupo mais em nominá-las.


O que importa é que depois de 2 meses consegui pescar um pouco, só por 2 horas, mas já deu para sentir novamente o "gostinho" de pescar lambari na mosca. Agora é repousar e voltar pra fisioterapia e quem sabe daqui um temo consigo voltar à ativa.


quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Ajustando a tensão do bobbin

É muito comum que o porta bobinas (em inglês: bobbin) não exerça a pressão adequada no carretel.

Se a pressão for muito forte o fio de atado (thread) pode arrebentar ou não girar o carretel corretamente e ficar incômodo de atar.

A maioria das pessoas recomenda, como primeira coisa a ser feita, abrir ou apertar as pernas para ajustar a pressão. Eu prefiro fazer isso secundariamente. Mas já que estamos falando disso veja a foto abaixo, o porta bobinas à direita está bem mais aberto que o da esquerda. Obivamente o da esquerda vai pressionar mais o carretel.



Mas antes disso, eu verifico as pontas de apoio do carretel (não sei se existe um nome para esta parte). Veja essa outra foto:


Esses porta bobinas são novos, que chegaram semana passada, direto de Hong Kong. Observe o acabamento, as peças foram torneadas muito grosseiramentes e cobertas por um material brilhante (acho que foi um banho de alguma liga de latão e/ou cobre) para dar um aspecto de polido. Mas não são polidas,  nem bem limpas foram e isso prende o carretel.


Então a primeira coisa que faço é limpar com um pano seco, se não resolver limpo com algum produto para lustrar ou polir metais (kaol, brasso, silva ou similar), se ainda assim continuar prendendo aplico uma pequena quantidade de silicone em spray. O problema do silicone é que pode deixar solto demais, caso isso ocorra é só lavar com água e sabão.

Antes de tentar polir o seu porta bobinas veja se ele não é texturizado. Pois algumas marcas, em geral de alta qualidade, fazem micro texturas e não polimento, para resultar em melhor deslizamento da bobina. Mas se você tem um bobbin de boa qualidade provavelmente não vai ter nenhum destes problemas.

Se você sentir que o fio está prendendo ou arranhando verifique se o tubo não está sujo ou trincado. Pra limpar pode usar um fio macio (algodão de preferência) com um pouco de algum produto para limpar metais (somente se for de metal). Ou aplicar um pouco de silicone spray, que pode ser usado nos de metal e nos de cerâmica.

Se estiver trincado: lixo.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Os Monstros se multiplicam

Eis um pouco do atado das últimas semanas.

Tem mais umas (tentativas de) ninfas e secas que não estão na foto.

Ia postar fotos detalhadas das moscas, mas elas ficam mais bonitas assim, de longe. ;-)

Quem acompanha o blog sabe que não gosto de seguir receitas. Ato considerando o que vejo (e imagino) que os peixes podem atacar, principalmente em silhueta e comportamento na água, por isso raramente sigo padrões. As cores, na maioria das vezes, são baseadas na minha experiência da pesca com iscas artificiais de plástico ou madeira, o tal do "bait cast".

Quando necessário, e possível, adapato ao material que tenho disponível, por isso, além das alterações de forma e cor, é comum ter iscas que a receita "original" era com um material e atei com outro.

Mas algumas regras básicas não dá pra não respeitar: tem isca aí que ainda vai receber olhos. Só não colei ainda pois acabou o epóxi.


domingo, 27 de novembro de 2011

Bead Heads: as "miçangas" para pesca

Quem ata suas moscas a algum tempo sabe a diferença entre os "bead heads" para pesca e as miçangas comuns.


As miçangas para confecção de bijuterias e artesanato podem ser encontradas em uma enorme variedade de cores e tamanhos, em algumas lojas de armarinhos existem catálogos, em geral custam muito pouco. Porém... sempre existe um porém, neste caso dois "poréns".


Primeiro é no caso das miçangas metalizadas: prata, cobre e dourado, que são as cores mais usadas para quem pesca com mosca. As miçangas de bijuteria em geral não resistem muito bem a água e vão perder o brilho ou, em alguns casos, enferrujar logo após a primeira pescaria.

O outro segundo problema é que algumas miçangas simplesmente não dá pra usar. Elas não passam pela curvatura do anzol. Lembra dos excelentes bead heads inúteis. As miçangas para bijuteria raramente se prestam para a pesca, pois elas tem o furo do mesmo tamanho dos dois lados, que geralmente é pequeno e por isso elas não vão passar na curvatura no anzol. O barato pode sair muito caro. Tudo o que você compra e não usa é caríssimo, não importa o preço. Se pagou 1 real por 100 miçangas mas não conseguiu usar nenhuma, jogou dinheiro fora.

Já as miçangas para a pesca com mosca, os famosos bead heads, não sofrem deste mal. Pois são feitas para passar pela curvatura do anzol, por isso um dos lados o furo é maior ou tem uma ranhura para passar pela curvatura livremente.



Já em relação aos bead heads metálicos, em sua maioria são fabricados em latão, cobre ou alumínio e resistem relativamente bem a água. Não oxidam, mas perdem o brilho com o tempo. Uma alternativa que não perde o brilho com tanta facilidade são os bead heads de tungstênio, que são mais caros.

Uma dúvida comum é qual o tamanho do bead head para cada tamanho de anzol, já que geralmente são vendidos com tamanhos em fração de polegada ou em milímetros.

Felizmente existem algumas tabelas que auxiliam a escolha. Mas tenha em mente que elas são apenas para uma referência básica e não uma regra fixa. Pois o formato e espessura do anzol pode variar e também podemos querer fugir das regras, fazendo iscas com cabeças maiores ou menores.

Só não me pergunte porque a maioria dos vendedores não coloca essas tabelas nos seus sites. Ou eles acham que você tem a obrigação de saber tudo ou ficam felizes se você errar e tiver que comprar mais que o necessário?


Pesquisando um pouco mais encontrei outra tabela um pouco diferente e mais simples que traz o tamanho do anzol de "referência", mas na prática pode considerar também um anzol acima e um abaixo. Por exemplo, para o bead head de 2 mm, o tamanho de referência é o 18, mas quase sempra vai poder usar também no 20 e no 16.


 Como já foi escrito, o material de que são fabricados pode variar, em geral são feitos de latão, alumínio, cobre, tungstênio, chumbo ou plástico. Estes materiais tem densidades diferentes e um bead head do mesmo tamanho de diferente material terá peso diferente. A escolha do material, mais ou menos pesado, tem relação direta com a profundidade que você deseja que a sua mosca atinja. Para quem quer brilho máximo, mas não quer muito peso existem alguns bead de tungstênio que são ocos ou de alumínio ou plástico com tratamento que realça o brilho.


Vou ficar devendo fotos de iscas feitas com miçanga, mas este tópico já estava ficando longo mesmo, então até a próxima.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Ferramentas de atado

Já escrevi um pouco sobre material de atado, em especial o alternativo e genéricos .

Para o material de atado, na maioria das vezes, a regra material de primeira = atado de primeira é válida. Vai depender da habilidade do atador, mas mesmo um excelente atador não consegue fazer milagres com material ruim. Só não esqueça que moscas feitas com material de "terceira" podem pegar peixes "de primeira". Afinal o que pega o peixe não é a isca, é o pescador.

Ao ver um artigo sobre bobbins no blog do Keko, percebi que nunca tinha escrito nada sobre as ferramentas de atado.

O material que eu uso é super simples, composto basicamente daqueles kits de atado para iniciantes: uma morsa fixa, uma tesoura fajuta, um hackle plier que não segura muito bem, um bodkin, um bobbin e um hair stacker. Este material me foi emprestado por um amigo e está comigo há vários anos. Por uma questão de prioridades ($$) não fiz grandes melhrias no meu ferramental.


Para começar a fazer as suas próprias moscas isso é mais que suficiente. Na verdade as minhas primeiras moscas eu fiz prendendo o anzol com um alicate de pressão e apoiando ele entre alguns livros só pra não precisar ficar segurando o alicate. Não tinha bobbin, usava uma tesourinha de costura, não tinha bodkin, nada. As moscas ficaram horríveis, como sempre, mas pegaram peixe, como quase sempre ;-).

Como diz o meu mestre: "aquele que quer encontra um caminho, o que não quer encontra uma desculpa".

Aos poucos fui adquirindo algumas coisas melhores: comprei uma tesoura específica, ganhei um hair stacker melhor, comprei um hackle plier melhor e recentemente comprei uns bobbins bem simples com ponta de cerâmica. Estou esperando o correio entregar o whip finisher que ainda não tenho. Até hoje em todas as minhas moscas eu faço o nó com os dedos, mas para as pequenas (menor que #12) o acabamento fica muito ruim.


A grande diferença de ter ferramentas de melhor qualidade é que fica muito mais confortável de atar. A tesoura corta reto, de primeira, sem mascar os pelos, haclke plier não fica escapando e é mais fácil e rápido de alinhar pelos com este hair stacker. Com isso ganha-se muito tempo e não gasta-se tanta paciência.

Obviamente isso reflete na qualidade dos atados, mas não vai fazer muita diferença se você não tiver alguma experiência e, principalmente, capricho. No final a regra é a mesma de sempre: quem ata é você e não o equipamento. Equipamento bom ajuda, e ajuda muito, mas não faz nada sozinho.


Se você tem curiosidade e vontade de atar suas moscas, arrisque, não fique se martirizando por não ter aquela super morsa robotizada que gira sozinha. Grandes atadores da Europa atam segurando o anzol com os dedos, muito frequentemente na margem do rio, após observar quais são os insetos que estão disponíveis para os peixes.

Então chega de desculpa e vai atar!

Se quer uma dica de quais materias comprar pra começar dá uma olhada neste texto do Fly Magazine.

Não pode gastar com material de atado agora? Se vira! Pega uns pelos do gato ou do cachorro (assunto pra outro tópico), umas penas de galinha comum ou daquela fantasia velha, uns brilhos de enfeites de natal, uma linha de costura e começe.

Depois que você fizer as suas primeiras iscas e pegar algum peixe com elas, vai descobrir uma nova dimensão da pesca.



Ps. Ando meio disléxico, se encontrarem erros de português, por favor avisem.